Mais uma pequena compilação:
O nada que é tudo
Deus morreu. Às mãos nossas morreu.
Mataram-no os homens, sedentos de poder
E hoje me encontro viril e triste
Desalentado de ser e do que demais existe
Pelo que aconteceu.
Que me importa, porém, ter Deus morrido?
Se vive na minha fé, chagado e ferido?
Que me importa tê-lo morto, martirizado,
Se ele me recria, eternamente renovado?
Que me importa ser triste?
Que é a tristeza senão ser?
Não a teve ele até morrer?
O que seja existir
Será medo de querer partir?
Ah, quem mo dera se o soubesse…
Seria feliz, certo do que quisessse.
Por ora sou triste, mas é tão natural sê-lo,
Que não penso no que demais existe
Senão em vivê-lo.
O nada que é tudo.
Existir e nada mais.
Ser Homem, ser gente
E não pretender eternamente
Ficar à beira do cais…
8-10-07
Obituário
Este é o meu obituário.
Sei que estou vivo,
Passageiramente ordinário
Ser humano que sou cativo
De uma prisão que eu próprio ergui,
De um rumo que tracei,
De uma vida que construí,
E em que me estreitei.
Sem que Deus, porém, me desse vistas largas
Uma liberdade misericordiosa de cobrir as faltas
De uma massa aderente repleta de perdão
Que, afectivamente, constitui o meu coração.
Redimi-me, recriei-me.
Morri e ressuscitei.
Quem fui eu?
Sei que amei, nada mais sei.
30-1-07
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